domingo, 1 de novembro de 2009

Descoberta da radioactividade - pequena abordagem histórica

Quando se fala em termos históricos na área científica, como por exemplo a descoberta da radioactividade, torna-se importante lembrar que há muito que fica por dizer... O que isto significa é que não basta falar em algumas experiências de alguns cientistas que fica tudo dito ou explicado, no fundo a maior parte das descobertas resultam da evolução do conhecimento ao longo dos tempos, que é fruto do trabalho de muitos cientistas que nem sempre são reconhecidos pelo seu contributo. Nesta pequena abordagem à história da descoberta da radioactiviade serão referidos alguns cientistas, mas é importante não esquecer que muitos outros contribuiram para o sucesso obtido por esses nomes mais reconhecidos.


A descoberta dos raios X

Podemos dizer que tudo começou quando em 1895 o físico alemão Wilhelm Konrad Roentgen (1845-1923) descobriu uma nova espécie de radiação produzida pela descarga eléctrica ocorrida numa ampola de vidro contendo um gás rarefeito.  Roentgen chamou esta radiação de raios X por não saber a sua origem. Desta e de outras experiências concluiu que os raios X, assim como a luz visível, tinham a propriedade de "sensibilizar" papel fotográfico. Para além disso percebeu também que estes raios desconhecidos conseguiam penetrar e atravessar objectos opacos (importante para o desenvolvimento da radiografia).

Os raios X são ondas eletromagnéticas de pequeno comprimento de onda, bastante energéticas, penetrantes e ionizantes.


Descoberta da radioactividade

A descoberta dos raios X tinham revolucionado o mundo científico... Curioso com o aparecimento de fluorescência no vidro da ampola da experiência de Roentgen, o cientista francês Antoine Henri Becquerel (1852-1908) começou também a desenvolver mais estudos nesta área. Por saber que certos compostos de urânio brilhavam no escuro, com luz visível, quando expostos à luz ultravioleta, começou a pesquisar se estes compostos também emitiam raios X quando expostos à acção da radioação UV. Assim sendo, Becquerel cobriu papel fotográfico com um papel preto e, por cima deste, colocou uma pequena quantidade de sulfato duplo de uranilo e potássio, uma substância fluorescente. Expôs tudo isto ao sol por várias horas e, ao revelar o papel fotográfico, concluiu que a substância sobre o papel preto tinha emitido raios, que, à semelhança dos raios X, atravessaram o papel preto. Becquerel repetiu esta experiência várias vezes  e acabou por perceber que os resultados obtidos não eram resultado da incidência da luz solar sobre o composto de urânio - fez a experiência no escuro total e mesmo assim obteve os mesmos resultados da experiência inicial.
Becquerel verificou que qualquer composto de urânio, incluindo aqueles que não eram fluorescentes, "sensibilizava" o papel fotográfico, do mesmo modo que as substâncias fluorescentes. Mesmo sem ter nenhuma relação com a fluorescência, estava assim quase descoberta a radioactividade.


Estas novas descobertas fizeram com que aumentasse o entusiasmo dos cientistas da época. O facto do urânio emitir continuamente radiação penetrante, semelhante aos raios X, sem auxílio de luz ou de calor, levou a que vários cientistas pesquisassem instensamente tudo o que estivesse de certo modo relaccionado com a "radioactividade".  Destacam-se a polaca Marie Sklodowska Curie (1867-1934) e o seu marido Pierre Curie (1859-1906). O casal Curie começou a trabalhar com amostras que continham o elemento urânio. Medindo as radiações emitidas em cada amostra, verificaram que, quanto maior era o teor de urânio na amostra, mais radioactiva esta se apresentava. Ao analisarem vários tipos de minério de urânio, Pierre e Marie aperceberam-se que haviam impurezas muito mais radioactivas que o urânio puro. Em 1898 isolaram um novo elemento radioactivo, cerca de 400 vezes mais radioactivo que o urânio, dando lhe o nome de polónio (nome relaccionado com o país de origem de Marie, a Polónia). Os trabalhos de investigação do casal continuaram e deu-se mais uma nova descoberta - o rádio, um elemento ainda mais radioactivo que o polónio.


Em 1901 Wilhelm Conrad Röntgen é destinguido com o Prémio Nobel da Física. Dois anos depois, em 1903, Marie e Pierre Curie e Henri Becquerel são galardoados como o mesmo prémio.

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